Tais movimentos, parece necessário ressaltar, não implicam em uma homogeneização e uma laminação das diferenças ou no estabelecimento de identidades fixas. Fosse o caso, recairíamos na mesma tentação de pensá-los em termos de alguma “conexão entre coisas iguais”, e as diferenças apareceriam como meros detalhes. A questão parece ser mais sobre o próprio modo de conexão, sem a pressuposição de que uma parte se imponha às demais e que faça da indeterminação, da diferença e da própria tensão da fronteira, uma força. Assim, os encontros, transfluentes ou confluentes, dão-se nas fronteiras; nem se chocam como limites, nem pretendem convergir para um centro único. Evidentemente é nesse ponto que também residem os atritos, conflitos e guerras (que, ainda assim, podem ser pensados em termos contra-hegemônicos, sem a pretensão última da fusão), mas também é essa condição que oferece a possibilidade de forjar alianças concebendo singularidades. Demanda, portanto, manutenção e cuidado. É esse território incerto e instável, a passagem entre o que se sabe e o que é desconhecido, o que viabiliza a possibilidade de um encontro potencializador. O encontro, então, diz mais respeito a experiências de aliança e de ressonância do que a um evento total e enrijecido, fixo no tempo; trata-se de algo que extrai força da própria tensão das fronteiras e está sempre acontecendo.