Neste livro o intuito é estudar episódios de insubordinação protagonizados por escravizados, libertos e livres pobres que abalaram a instituição escrava ao longo do século XIX. Problematiza-se, aqui, a revolta dos malês na comarca de Alagoas, em 1815, e a Guerra dos Cabanos, entre 1832 e 1835, que ainda teria desdobramentos na década seguinte. Aborda-se o movimento dos “Marimbondos” entre 1851 e 1852, que se constituiu de vários motins contrários à lei do registro civil, à lei do cativeiro e, em menor medida, ao censo geral do Império. A ideia é recuperar o conteúdo político desses episódios, esvaziado por uma historiografia tradicional, rompendo assim com o discurso «antimultitudinário” proveniente dela.
Também são focalizadas as comunidades de quilombos e/ou os “coutos de malfeitores” que se estabeleceram nas matas alagoanas, os «bandos de ladrões de cavalos” atuantes na década de 1880 e, por fim, a Maceió da década da abolição, uma cidade negra que recebeu um grande contingente de escravizados fugidos, que aspiravam sua liberdade, travando no dia a dia várias batalhas contra a instituição escrava. A proposta é refletir sobre os últimos anos da escravidão em Alagoas, a partir das experiências de escravizados e libertos, sem perder de vista suas articulações com os movimentos abolicionistas, bastante atuantes em Maceió.