Quando enfim encontro o endereço na Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, é o que eu imaginava: um botão de interfone e uma porta de barras de ferro, tipo cadeia. Atrás dela há uma escada, que leva à sobreloja, onde fica a alfaiataria. Não foi difícil achá-lo, mas o calor de São Paulo é cuiabano. Suo como um porco. Aperto a campainha com força. Não consigo entender a resposta falada pela caixa de som do interfone. Meu objetivo é abrir a porta. Sair do sol.
— Vou desfilar no Carnaval — explico. — Vim tirar as medidas da fantasia.
— Isias ska daba daba suabam.
Nada peguei da resposta. A porta não se mexe.
Devem achar que sou louco, me ocorre. Coloco a boca próximo à campainha, aperto o botão novamente e enuncio devagar: «P-É-R-O-L-A-N-E-G-R-A». Depois de uma pausa sugestiva, ouço o clique característico e a porta de grade de ferro se abre.