O fascínio pelos contos de fadas, com seus reis e rainhas, príncipes e princesas, bruxas e ogros, objetos mágicos, madrastas, gigantes e duendes não encanta apenas as crianças. Muitas vezes, os adultos, também, sentem o mesmo encantamento pelas narrativas maravilhosas, mas não sabem explicar o por quê. Segundo Nelly Novaes Coelho, em O Conto de fadas, agora editado por Paulinas, fábulas, mitos, lendas, contos de fadas e contos maravilhosos constituem a matéria-prima do acervo da Literatura moderna e “deixaram de ser entretenimento infantil” para serem redescobertos «como autênticas fontes de conhecimento do homem e de seu lugar no mundo”. As personagens, as situações ou os conflitos que estruturam as narrativas correspondem ao processo da realização interior das personagens, no plano existencial. São símbolos de situações arquetípicas que «vêm sendo revividas desde a origem dos tempos, sob diferentes formas, em virtude do desejo de auto-realização do eu em relação ao outro (ao mundo).» Afinal, é possível veicular valores éticos a partir das narrativas maravilhosas? Depois de percorrer o mundo histórico/fantástico das Fadas, a autora o relaciona com a Educação, atribuindo-lhe a função de auxiliar na formação das novas gerações. Aliás, toda a pesquisa da professora Nelly sobre as Fadas teve como alvo maior vincular a Educação com a Literatura. O emergente processo de transformação que ocorre em todos os setores da sociedade clama por mudanças de visão na concepção de mundo, cuja busca é estabelecer a harmonia entre a herança humanista do ontem com as conquistas do progresso de hoje. Para a autora, é nesse desafio que aparece o valor essencial da Literatura enquanto criação: «sua matéria-prima é a existência humana e o seu meio transmissor é a palavra, a linguagem…” «Literatura e leitura são entendidas como agentes formadores não apenas de leitores, mas especialmente de consciência de mundo (…)". As fadas estão de volta…