A agressividade e a violência sempre estiveram presentes na história da humanidade, desde seus primórdios, quando serviam para que o homem pudesse sobreviver neste mundo. Podemos afirmar que são emoções inerentes ao ser humano. Sabemos que a maneira de expressá-las foi variando com o passar dos tempos.
A afirmação de que «o homem é responsável pelos seus atos», no entanto, pode parecer óbvia para nós, modernos, mas nem sempre foi assim. A responsabilidade pelos próprios atos não nasceu com o homem; ela formou-se, aos poucos, com o caminhar das culturas que nos antecederam. Até meados do Período Arcaico de nossa história (séculos VII e VI A.C.), eram os deuses os responsáveis pelos atos humanos. Isso porque, para que o homem possa responder por suas ações, é necessário que ele tenha um contorno existencial que o delimite em relação ao meio onde vive e que o deixe não mais à mercê da influência dos deuses, mas, sim, que o dote da categoria psicológica da vontade. Somente a partir daí podemos dizer que existe, nesse homem, aquilo que chamamos de subjetividade, a noção de si mesmo.
Essa passagem em nossa trajetória, da submissão aos desejos divinos para a noção de si mesmo, foi o ponto necessário para que nos tornássemos responsáveis por nossos atos, o que determinou a necessidade de leis, de normas de comportamento, e a configuração da Justiça. Este livro pretende mostrar essa trajetória entre a formação da subjetividade e a formação do Direito, de onde nasceu a área da ciência denominada psiquiatria forense.