A interpretação dos capítulos 14 e 16 de S. João tem por objetivo trazer a mensagem bíblica para a situação concreta da comunidade, para esclarecer as consciências, consolá-las e formá-las. O autor enaltece o evangelista porque este, mais do que outros evangelistas, trata de como a pessoa pode, de fato, encontrar Deus e abraçá-lo, subsistir perante ele e ter certeza de sua graça, e fundamentar nisso o coração e resistir a todo tipo de tentação. Além de ser uma obra destinada para o mundo acadêmico, ela é, acima de tudo, uma obra para a vida de fé.
A prelação sobre a Primeira Epístola de João surgiu num momento difícil para o movimento da Reforma. Adversários opunham-se a doutrinas apregoadas pela Reforma. Em sua prelação, Lutero posiciona-se frente a teólogos adversários e outros movimentos, entre eles os entusiastas, espiritualistas fanáticos que reclamavam um acesso direto a Deus, sem intermediação da Palavra e dos sacramentos, e os cerintistas que negavam a encarnação e pregavam a salvação pelas obras.
I João é uma epístola doutrinal, sem, no entanto, esquecer, em momento algum, o aspecto poimênico pastoral.