O livro analisa a interação do consumidor com as novas tecnologias, relação
essa assimétrica e marcada pelo agravamento de sua vulnerabilidade, exigindo
respostas rápidas e modelos regulatórios eficazes, seja na rediscussão dos limites
éticos necessários nessa interação muitas vezes forçada e determinista da inteligência
artificial, seja no aspecto do controle e responsabilidade das plataformas eletrônicas
na economia de dados pessoais em crescente expansão. Propõe-se, também, a ressignificar o papel do Estado como agente regulatório responsável e respeitado
pelas Big Techs, assim como sugere um novo empoderamento do consumidor a partir
de um modelo de identitário que melhor qualifique suas escolhas no mercado de consumo.
O aparente uso inofensivo das tecnologias de inteligência artificial favorece a própria capacidade da máquina de avançar nas suas funcionalidades (deep learning),
“encantando” o usuário com resultados aparentemente seguros e confiáveis, numa
escala muito maior do que aquela que poderia ser alcançada pelo ser humano, abrindo
espaço para um maior envolvimento e dependência ao modelo artificial nas relações
pessoais, profissionais, sociais e econômicas, agora migradas para as grandes
plataformas eletrônicas.
O realinhamento hierárquico das necessidades de consumo, outrora marcadas
por condições fisiológicas, hoje, determinadas pelo padrão estético-comportamental
da indústria cultural são mais rapidamente difundidas pelo assédio massificado levado
a efeito pelos algoritmos.
A crescente e acrítica algoritmização da pessoa é começo do fim da diversidade, da conflituosidade e da imprevisibilidade que marcam e constituem a natureza humana e, por via de consequência, evidencia a erosão da individualidade. O determinismo nas escolhas de consumo é uma das expressões de que esse fenômeno
já começa a produzir efeitos perigosos na sociedade.
Trecho da apresentação de Dennis Verbicaro e Janaina Vieira Homci