Ler, escrever, ensinar e aprender são as quatro operações básicas da vida de professor. É a partir delas que Luís Augusto Fischer, com a experiência acumulada em mais de 30 anos de sala de aula, monta uma equação bastante particular. Neste livro, relatos de pequenas histórias exemplares se somam à reflexão sobre o ensino de literatura. Em conjunto, formam o que o autor passou a chamar de sua Filosofia mínima. Ao compartilhar suas impressões de leitura e relacioná-las a episódios aparentemente prosaicos, mas significativos, Fischer convida o leitor a um passeio intelectual sem chateação. Assim, presta tributo a um de seus mestres, Antonio Candido, para quem a principal missão do professor "é viver a aventura do pensamento junto com os alunos." Os textos têm origens e formatos variados. São artigos e ensaios em que situações e personagens inusitados (o autor nos fala de uma inesquecível e epistemológica viagem a cavalo, da sabedoria revelada por um copo quebrado, da leitora ideal de Kafka) servem de ponto de partida para uma análise sobre o alcance e o poder da literatura. Há espaço, também, para o depoimento pessoal, quando o relato de experiências em sala de aula revela mecanismos ocultos do processo do ensino.
Em um livro que é todo ele matéria de memória, não poderia faltar a reconstituição do itinerário intelectual do autor no qual são apresentados seus heróis, conquistas, fracassos e marcos afetivos. Da herança católica ao marxismo, das primeiras aulas no Colégio Anchieta ao estudo de mestres como Machado de Assis e Nelson Rodrigues, Fischer repassa sua formação e oferece, com generosidade, um caminho possível para cumprir com gosto a missão do magistério. Lição que não serve apenas para professores. Afinal, ler, escrever, ensinar e aprender são as quatro operações básicas da vida de qualquer um de nós.