Se é verdade que cada um de nós já nasce com seu destino traçado, minha convicção é de que o meu é uma folha de papel em branco.
Isabel Rodrigues é uma moça à frente de seu tempo. E, como dizem as línguas ferinas, deu trabalho até para nascer.
Destemida, a jovem veio ao mundo para mostrar que também merece ser ouvida, pois tem muito a dizer. Mas ela nasceu mulher.
Enquanto suas irmãs se ocupam dos afazeres domésticos e de tarefas consideradas mais “femininas”, Isabel quer ser como o irmão: deseja expor suas ideias, ler grandes pensadores e conhecer mais do mundo. Para contornar a situação, é necessário um pouco de coragem — ou talvez nenhum juízo — e muita indignação com as mazelas da vida para escrever publicamente sobre isso. E assim desabrocha o pseudônimo Flor de Minas, que, apesar de ser uma flor, é, na verdade, uma pedra no sapato da sociedade e tão espinhenta quanto um cacto.
Em um romance histórico ambientado em Minas Gerais no século XVIII, Marina Carvalho mostra que o amor pode florescer onde menos se espera, e da inquietação e busca por justiça, propósitos se unem em nome de algo muito maior.