Inédito no Brasil, Dag Solstad é um dos autores mais instigantes da Noruega. Com seu estilo original e inimitável, ele é considerado um provocador. Desde a publicação de seu primeiro livro, Spiraler, em 1965, Solstad tem produzido ininterruptamente e inovado a literatura norueguesa e mundial. O inquieto autor é referência para grandes escritores, não só noruegueses, suas traduções espalham-se por mais de 34 idiomas e a elas soma-se agora o português do Brasil.
Romance 11, livro 18 foi publicado em 1992, causando forte impacto. Entre seus tradutores está o renomado escritor japonês Haruki Murakami. Depois de se impressionar com o trabalho do autor que conheceu em viagens constantes à Noruega, fez questão de traduzi-lo. Esse livro potente e intrigante de Solstad chega ao Brasil numa tradução realizada por Kristin Lie Garrubo direta do original.
O romance de Solstad traz uma história de rebeldia. Não no sentido tradicional. Seu protagonista, Bjørn Hansen, muda-se de Oslo para Kogensberg. Deixa a esposa e o filho de apenas 2 anos para viver com aquela que, até então, fora sua amante, Turid Lammers. Em sua bagagem apenas os pertences pessoais e muitos livros. «Dostoiévski. Pushkin. Thomas Mann. Céline. Borges. Tom Kristensen. Márquez. Proust. Singer. Heinrich Heine. Malreaux, Kafka, Kundera, Freud, Kierkegaard, Sartre, Camus, Butor.» A literatura, assim como a arte, a filosofia e o sentido da vida são, para o protagonista, “temas luxuosos”, “interesses que deveriam ser cultivados no tempo livre.”
No entanto, não é a mudança de cidade, não é o abandono da família, a grande rebelião de Bjørn Hansen. O seu questionamento da sociedade contemporânea, da política de bem-estar social, se faz na elaboração e execução de seu projeto, nomeado por ele como o «Grande Não» e que, por sua audácia, só pode ser realizado em outro país. Para Solstad, a base de um romance se dá frequentemente em uma imagem única, assim como na frase que o inicia. Bjørn Hansen é um protagonista singular que encontra uma maneira nada ordinária de colocar o mundo em questão. O estranho e o idiossincrático no modo de pensar e agir do protagonista é o que nos abre para a experiência de perceber o mundo a nosso redor a partir de um novo olhar.