O diálogo entre cinema e psicanálise possui incontáveis possibilidades. Em um mútuo enriquecer, é notável a liberdade com que aqui, neste volume, Filmes que curam, se vão enfrentando diferentes alternativas. Para não falarmos do campo mais específico de um trânsito de noções e conceitos das duas áreas, necessário e esclarecedor ao trabalho crítico, ocorre-nos que a prática da análise fílmica já guardaria, por si mesma, algo de inextricavelmente próximo daquilo que se ex — perimenta na análise psicanalítica. De modo análogo, podemos pensar na sessão de psicanálise como não tão diferente de uma sessão de cinema. Assemelham-se enfim, malgrado toda diferença cabível, as práticas daquele que se põe a ler um filme e daquele que se põe a escutar um sujeito. Em um encontro que pensa a relação entre psicanálise e cinema, cumpre reafirmar a arte como abertura necessária na compreensão de nossa clínica e escuta psicanalítica. O cinema e o sonho, o imagético como constituinte do processo simbólico, enraizamento do simbólico no não-simbólico, eis questões que um mergulho nessa temática desperta e intensifica.