Memórias da gratidão de um filho para a sua mãe
«Certa vez, minha mãe viu uma flor esplêndida que brotara no muro. Floresceu escondida.
Ela foi me apontar o achado.
— Ela nasceu do impossível, viu? Achou um meio de crescer na pedra.
Eu fiquei maravilhado com aquela planta aérea, que não denunciava pela aparência como alcançara tal proeza. Não havia
terra nenhuma por perto.
— O impossível é o nosso medo. Sem ele, somos possíveis. Não diga “nunca posso fazer”, festeje que é um novo jeito de fazer. Ainda que o jardim seja a parede.
Eu compreendi que, atrás de cada coisa, de cada lugar, de cada acontecimento, longe de tudo e perto do que não vemos, há uma flor do impossível.»
— Fabrício Carpinejar