Cruzar oceanos leva-nos não apenas para longe de casa: leva-nos para dentro de nós mesmos. Em Poemas para pessoas que cruzam oceanos e não viajam, Melina Galete reúne lembranças que tran—
sitam entre as suas vivências em terra estrangeira e o resgate de sua árvore genealógica. Há tanto numa viagem. Há idas e voltas. Há uma paragem entre freguesias. Há um estar sem estar. Há um onde nunca se partiu ou nunca se esteve. Há também tanto numa família. Há um corpo que não se encaixa. Há um bisavô que nasceu ao telefone quando não havia telefone. Há até uma menina que gosta de cemitérios e que sabe quais mortos são seus. Não há volta. O que há em comum entre viagem e genealogia, além das histórias contadas antes e depois? A poesia.