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Euclides Da Cunha

Prefácio a Poemas e Canções de Vicente de Carvalho

15 printed pages
Original publication
1909
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Quotes

  • Elena Semenovahas quoted4 years ago
    ...o mar criado às soltas
    Na solidão, e cuja vida
    Corre, agitada e desabrida,
    Em turbilhões de ondas revoltas...
    ou quando ele, tempesteiando,

    A uivar, a uivar dentro da sombra
    Nas fundas noutes da procela
    braceja com os ventos desabalados, e, recebendo de instante em instante a
    ..cutilada de um corisco,
    rebela-se, e
    impando de ousadia
    Pragueja, insulta, desafia
    O céu, cuspindo-lhe a salsugem...
  • Elena Semenovahas quoted4 years ago
    Um dia serás minha...
    . . . . . . .
    Há mil anos que vivo a terra suprimindo.
    Hei de romper-lhe a crosta e cavar-lhe as entranhas
    Dentro de vagalhões penhascos submergindo,
    Submergindo montanhas...
    esta voz monstruosamente romântica, do mar, é a mesma voz de Geike, ou de Lapparent, e diz uma alta verdade de ciência diante do agente físico cujo destino lógico, pelo curso indefinido dos tempos, é o nivelamento da terra.
    Também ao descrever-nos um recanto labiríntico de nossas matas,
    Cem espécies formando a trama de uma sebe,
    Atulhando o desvão de dous troncos; a plebe
    Da floresta, oprimida e em perpétuo levante,
    e mostrando-nos que

    Acesa num furor de seiva transbordante
    Toda essa multidão desgrenhada – fundida
    Como a conflagração de cem tribos selvagens
    Em batalha – a agitar cem formas de folhagens
    Disputa-se o ar, o chão, o orvalho, o espaço, a vida,
  • Elena Semenovahas quoted4 years ago
    Porque
    Ao pôr-do-sol, pela tristeza
    Da meia-luz crepuscular,
    Tem a toada de uma reza
    A voz do mar.

    Aumenta, alastra e desce pelas
    Rampas dos morros, pouco a pouco,
    O ermo de sombra, vago e oco,
    Do céu sem sol e sem estrelas.

    Tudo amortece, e a tudo invade
    Uma fadiga, um desconforto,
    Como a infeliz serenidade
    Do embaciado olhar de um morto.

    Domado então por um instante
    Da singular melancolia
    De entorno, apenas balbucia
    A voz piedosa do gigante.

    Toda se abranda a vaga hirsuta,
    Toda se humilha, a murmurar...
    Que pede ao céu que não a escuta
    A voz do mar?
    . . . . . . . .
    Escutem bem... Quando entardece,
    Na meia-luz crepuscular,
    Tem a toada de uma prece
    A voz tristíssima do mar...
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