O desabrochar do primeiro amor é um dos temas mais frutíferos na literatura e, sem exceção à regra, a singela história de Carlos e Esttela é o poderoso fio condutor da narrativa de “O fim do disfarce”, na qual os leitores se deixarão envolver também pelos detalhes da realidade sócio-cultural das ilhas de São Tomé e Princípe, durante o complexo processo de descolonização de Portugal. Carlos é um adolescente sensível e trabalhador, oriundo de uma humilde família nativa de São Tomé, cujo pai problemático e violento é motivo de instabilidade emocional e psicológica do desenvolvimento do rapaz. Esttela é também oriunda de uma família nativa, mas abastada e privilegiada na realidade da ilha, para quem Carlos acaba por trabalhar. A vida dos dois transforma-se profundamente quando se cruzam ao acaso pela primeira vez na rua, logo após a independência da antiga metrópole. O rapaz, que se exprime através de poesia, esconderá por tempo longo os sentimentos que nutre pela amiga, filha dos patrões, com medo de que as diferenças sociais os afastem. No entanto, ao descobrir-se correspondido, os dois jovens vivem uma explosão de sentimentos, só interrompida quando descoberta pela família de Esttela, que engendra um plano para separá-los.