Esta é a orelha do livro/ por onde o poeta escuta/ se dele falam mal/ ou se o amam", diz Carlos Drummond de Andrade, predileto de Nuno Ramos, em seu “Poema-orelha”. Aqui, na orelha deste livro, poderíamos declarar, sem falso pudor nem reticência, o quanto gostamos de Autor e obra, mas não poderíamos dizer o que o livro é, sem traí-lo em sua natureza própria.
De fato, olhando bem, os textos que o compõem em sua unidade tão estrita quanto desatada não são contos, nem poemas em prosa, nem crônicas, nem ensaios, nem crítica, nem romance, nem autobiografia etc., sendo, no entanto,tudo isso e mais uma coisa incerta e não-sabida, que o leitor nomeará. Uma vasta fantasia antropológica? Uma crítica da percepção?