A segunda metade do século XIX viu os projetos jornalísticos ganharem um caráter de grande negócio. É essa nova configuração que permitirá ao jornalismo criar novas formas de apresentar as informações, empregar escritores e informar, entreter e cativar os leitores.
Uma das figuras que ganham destaque nesse novo mundo é a do correspondente internacional, o que faz deste livro uma preciosidade. Domício da Gama, seu autor, cujo estilo e inteligência o leitor tem a possibilidade agora de conferir, assumiu esse posto, de enorme prestígio, em Paris, entre 1888 e 1893, na Gazeta de Notícias, jornal de grande circulação e talvez o mais influente no Brasil.
Em suas colunas, Domício, que foi amigo de Eça de Queiroz e Machado de Assis, escreveu bastante sobre literatura, mas também sobre as tensões políticas na França e no Brasil e sobre um evento que marcou o imaginário da época: a Exposição Universal de 1889.
Para além do interesse jornalístico e literário, esse livro tem a força de documento sobre a visão de um brasileiro em Paris no final do século XIX,
em que diversos aspectos da vida cotidiana, inclusive as epidemias de gripe e de cólera, não passaram despercebidas.
Haroldo Ceravolo Sereza