O livro se debruça sobre a tentativa da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de superar a fase chamada de “defensivismo sindical”, desencadeada no Brasil a partir dos anos 1990, quando uma série de transformações econômicas, políticas e legais no bojo do neoliberalismo e da globalização dificultou crescentemente a atividade sindical. Para o autor, tratou-se de uma tentativa bem sucedida, já que atuando no sentido de ampliar sua abrangência representativa para além daquela que é reconhecida pelo conceito tradicional de classe trabalhadora, a CUT conseguiu, durante os governos do petista Luis Inácio Lula da Silva (2003–2010), implantar práticas que aprofundaram as suas ações participativas em meios institucionais. Essa operação, na verdade, teria sido facilitada pelo governo Lula, caracterizado como um governo de coalizão e inspirado no princípio do «diálogo social”, com a criação de espaços de intervenção na forma de arranjos institucionais que envolveram representantes das diferentes classes sociais para debater os mais diversos temas. Dessa maneira, a CUT pode participar da elaboração de políticas de governo que interessavam não apenas aos segmentos estáveis da classe trabalhadora, mas também ao conjunto da sociedade, o que pode implicar futuramente em uma nova forma de representação dos trabalhadores, diferente da que se podia observar no século 20.