Em 13 de junho de 2013, o fotógrafo Sérgio Silva foi alvejado no olho por uma bala de borracha da Polícia Militar enquanto cobria um protesto no centro de São Paulo. Perdeu a visão na mesma hora. Cinco anos depois, o pedido de indenização que moveu na justiça já foi negado em primeira e segunda instâncias. E as bombas e os projéteis da PM alcançaram a vista de pelo menos mais cinco pessoas.
Em textos e imagens, Memória ocular acompanha a trajetória do fotógrafo ano a ano, e aborda também o drama de outros cidadãos cegados — ou quase — pela polícia paulista. É uma tentativa de entender como a violência se multiplica na vida de quem foi atingido pelas armas oficiais, criando profundas cicatrizes psicológicas além das que permanecem no corpo. O que significa ser uma vítima do Estado hoje, depois de mais de trinta anos de «redemocratização»?