Em Herbert Marcuse e a “Grande Recusa”, o filósofo Arno Münster nos contempla com um conjunto de análises argutas das ideias e obras mais representativas do pensamento filosófico-político de Herbert Marcuse (1898–1979), este grande intelectual judeu alemão, que viveu no exílio desde a tomada do poder pelos nazistas em 1933 e que encarnou como nenhum outro o espírito e o desejo de uma sociedade livre, não repressiva.
Nos capítulos dedicados a cada uma das grandes obras do filósofo — Razão e Revolução (1941), Eros e Civilização (1955), O Homem Unidimensional (1964) e Rumo à Libertação (1969) –, Münster nos mostra como Marcuse vai construindo seu pensamento: do uso subversivo da «dialética negativa» de Hegel e da denúncia da «mais-repressão» dos instintos até a aspiração a uma “racionalidade libidinal” no contexto da crítica radical ao “mundo administrado” das sociedades de massa.
Alinhado às estratégias heterodoxas da Escola de Frankfurt, Marcuse promoveu a aproximação do materialismo histórico marxista à psicanálise freudiana, questionando as formas da repressão e da sublimação da sexualidade nas sociedades industriais do capitalismo avançado. A filosofia social crítica da “Grande Recusa” alcançou uma repercussão global à época das revoltas estudantis e da Guerra do Vietnam, fazendo de Marcuse um ícone da resistência política — posição que sustenta, mais de 50 anos depois, a validade e vitalidade de suas ideias.
Nas palavras do filósofo Michael Löwy: «Através da análise das dimensões crítica e subversiva do pensamento de Herbert Marcuse, o livro de Arno Münster ajuda a compreender como, apesar do seu pessimismo civilizacional, ele pôde ser escolhido como referência intelectual e moral por um segmento significativo do movimento de contestação das décadas de 1960 e 1970. E por que, ainda hoje, num contexto social e político completamente diferente, ele continua a ser lido e discutido.»