As duas novelas que compõem Fantásticas — Volume II partem de um mesmo ponto de origem: as buscas arqueológicas e suas descobertas. Em “Gradiva” (1903), de Wilhelm Jensen, o professor doutor Norbert Hanold é um jovem arqueólogo que se vê admirando um baixo-relevo que representa uma mulher a caminhar (um dos possíveis significados de gradiva, em latim, é “aquela que caminha”). A narrativa envolve o leitor com seu estilo perspicaz, delirante e bem-humorado, assemelhando-se muito ao conto “Arria Marcella” de Théophile Gautier (presente em Fantásticas — Volume I). Gradiva logo chamou a atenção de Sigmund Freud, que, três anos depois, publicaria «Sonho e delírio na Gradiva de Jensen”, ensaio pioneiro nos de psicanálise a partir de textos literários.
A novela «A Vênus de Ille» (1837), de Prosper Mérimée, se passa no sul da França e apresenta como protagonista um professor de arqueologia que, durante suas escavações, descobre uma estátua de Vênus em bronze. Segundo a crendice popular, a estátua seria maléfica e seus olhos reluziriam, diabolicamente, uma luz vermelha. No entanto, a ciência não desbanca a superstição, que se confirma na medida em que mortes misteriosas começam a ocorrer.