O Enchiridion, ou Manual do Cavaleiro Cristão, uma obra clássica do cristianismo, é uma criação notável do humanista renascentista Erasmo de Roterdã. Publicado no século XVI, o Enchiridion ganhou enorme popularidade em seu tempo e continua a ser uma peça fundamental da literatura cristã. A obra é um manual que visa orientar um soldado iletrado em direção a uma mentalidade digna de Cristo. Erasmo pressupõe que o leitor está cansado da vida na corte, um tema comum na literatura da época, e interrompe seu trabalho teológico para atender ao pedido de instrução de um amigo. Ele escolhe o título Enchiridion, que significa tanto punhal quanto manual em grego, para manter um estilo militar. Dentro dessa estrutura, Erasmo desenvolve seu programa teológico, chamando os cristãos a retornar às Escrituras e compreendê-las em sua pureza e significado original. Ele enfatiza a importância do estudo dos antigos, oradores, poetas e filósofos, especialmente Platão, para essa compreensão. Erasmo critica a religião ritualística e a observância cega de cerimônias, argumentando que é mais valioso entender profundamente um versículo dos salmos do que realizar muitas cerimônias sem sentido. Ele também critica os monges por contribuírem para a deterioração da fé ao enfatizar cerimônias insignificantes em detrimento da verdadeira fé e caridade. Uma das características notáveis do Enchiridion militis christiani é a ênfase na simplicidade e na interiorização da fé. Erasmo argumenta que a verdadeira devoção cristã não está necessariamente associada a rituais extravagantes ou práticas externas, mas sim à sinceridade do coração e à busca constante pela virtude.