Homens ou máquinas?, nova obra da coleção Escritos Gramscianos reúne 33 textos escritos por Antonio Gramsci entre 1916 e 1920, dos quais dezesseis são publicados pela primeira vez em língua portuguesa. Esta seleção traz artigos de grande importância para entender a particular concepção de Gramsci a respeito da luta de classes, e, mais em geral, para nos encaminhar dentro de anos dramáticos e que culminaram, posteriormente, na ascensão do fascismo na Europa.
O problema que encontramos com mais continuidade nas reflexões e nos escritos de Gramsci entre 1916 e 1920 é o de libertar os “simples” da conjunção de heterodireções que impedem a subjetividade autônoma, a independência e a autossuficiência das massas populares. Pondo o tema da “Democracia operaria” como meio e fim das lutas para o socialismo, Gramsci desenvolveu a ideia da estreita relação entre produção e revolução como antítese da delegação passiva aos organismos burocráticos, correlacionando a experiência dos conselhos com o desenvolvimento da luta de classes na Europa.
“Como amalgamar o presente e o futuro, satisfazendo as urgentes necessidades do presente e trabalhando efetivamente para criar e antecipar o porvir?”, escreve Gramsci no artigo Democracia operária, sintetizando as reflexões e empenho político que o cercaram durante os anos de 1916 e 1920.