“Kama”, em sânscrito, significa desejo, amor, prazer sexual; “sutra”, ensinamentos transmitidos em forma de regras, preceitos ou aforismos. Porém, o Kama Sutra não é apenas sobre posições amorosas e outras maneiras de atingir o prazer sexual. Trata-se de um livro sobre a arte de viver que aborda diversos aspectos da vida humana: como relacionar-se com outras pessoas, obter sucesso, conseguir o que se quer, agir e se comportar em diferentes circunstâncias, encontrar o par ideal, fazer amigos, cuidar da casa e ganhar e gastar dinheiro.
A origem do que hoje se chama de Kama Sutra perde-se na mitologia: seria um tratado muito antigo, com mil capítulos, surgido da energia liberada da união do deus Shiva e de sua consorte Parvati: Nandi, o touro sagrado guardião de Shiva, tomado por grande inspiração, recitara os versos durante o enlace sexual dos deuses. Em alguma época do período Gupta (do século IV a VI), o sábio Vatsyayana debruçou-se sobre a tradição de textos eróticos (kama shastra), anteriormente trabalhada por outros sábios, compilou e fixou a versão que ora o leitor tem em mãos. O Kama Sutra de Vatsyayana (primeiramente apresentado ao Ocidente pelo explorador inglês Richard Burton, no século XIX) oferece uma inestimável visada do estilo de vida dos indianos — um dos povos que mais valoriza a alma e as relações humanas. E se, séculos atrás, era um manual de conduta para todos os cidadãos, mostra-se pertinente ainda hoje, ao tratar de assuntos do corpo e do coração.