«Muitos dos temas aqui tratados são de profunda relevância e merecem muitas oportunidades para que sejam objetos de reflexão e diálogo. Vera Saad, excelente escritora, nos presenteia com uma protagonista que desperta nosso afeto e nos emociona. Um presente para quem lê e uma habilidade inquestionável de quem escreve.» (Jarid Arraes)
Na sua história recente, desde a redemocratização, o Brasil passou por muitas transformações e crises, principalmente econômicas. Talvez, uma das mais marcantes tenha sido aquela do início do governo Collor, quando o autointitulado caçador de marajás confiscou as contas de todos os brasileiros. As famílias foram impactadas em diversos níveis, muitas vezes com consequências irreversíveis. A face mais doce do azar conta a história de uma família dessas, da época do recomeço do país depois da ditadura, de brasileiros comuns que sofreram com a sequência da irresponsabilidade de seus políticos — um fantasma que continua nos assombrando em ciclos da nossa história. Dubianca era uma pré-adolescente quando os fatos amargos que narra começaram a definir como seria sua chegada à adolescência. Observadora, a menina foi tentando compreender como as transformações do país estavam agindo sobre as relações entre as pessoas à sua volta. Vera Saad confere à sua narradora uma voz falsamente leve, em que as frases curtas denunciam as fissuras nessa mulher que volta a um pedaço do seu passado com sabor amargo.