Este trabalho tem como propósito estudar o Diabo presente na obra de Machado de Assis. Para tanto, nos propomos a analisar os contos «Adão e Eva», “A Igreja do Diabo” e «O sermão do Diabo”, nos quais o Diabo aparece explícito como personagem. O objetivo é demonstrar como esta figura foi concebida e apropriada pelo escritor.
Salientamos que o Diabo é um ser familiar e popularmente conhecido no imaginário Ocidental. Muitos creem que ele exista realmente e outros refutam essa crença. Sua imagem é plural, sendo retratado de diversas formas, assumindo inúmeras máscaras: ora como a de um ser tenebroso e horripilante, fonte do mal, ora como uma figura patética ou ridícula, e até mesmo como uma criatura atraente e simpática. A aparência física do Diabo também é pintada de maneira diversa, sendo descrito por muitos como tendo a forma de um monstro, de um animal ou de um ser humano, e segundo a tradição cristã, tem moradia certa, habita nas profundezas do inferno, desde que foi expulso do céu.
Historicamente, a imagem do Diabo ganhou imensa notoriedade nas representações e práticas da sociedade principalmente a partir da Idade Média, embora essa figura já existisse anteriormente, bem como discorreu o estudioso Robert Muchembled, em seu livro, Uma história do Diabo: