Uma grande ressaca poderia, em uma frase, sintetizar «Um diálogo entre nós».
O livro faz um sobrevoo sobre a passagem formativa da adolescência à
juventude: seus amores, dores, bebidas e absurdismo existencial; são
infindáveis desassossegos em forma de metamorfose. É uma ressaca
formativa, na qual o êxtase da noite é lançar-se para dentro — ao mais profundo
do ser e do social. Nesse sentido, o eu-lírico não se limita ao singular, há uma unidade do todo que se faz, ou melhor, que é, o mesmo. O novo mundo nasce
junto ao sujeito que destrói o que era na descoberta de tudo o que é, sendo a dor do espelho o mais alto grau de coletividade — o nós que se conversa e se descobre como nó, emaranhado que existe na medida em que se olha e se percebe, pura náusea consequente ao absurdo do ser, que em si é.