O domador, livro de estreia de Adir ben Kauss, reúne 35 contos que retratam a vida de mulheres e homens que circulam pela cidade do Rio de Janeiro e sua periferia. Pessoas solitárias, impregnadas por incertezas e sofrimentos, que deixam vazios inesperados. São personagens presentes em nós, que revelam desejos ora latentes, ora esquecidos, e que se misturam à realidade num recorte audaz do cotidiano. Com um vislumbre pujante sobre os acontecimentos do dia a dia, O domador revela um retrato da frágil e fugaz condição humana, assim como da sua natureza bruta.
Os cenários — locais de passagem, muitas vezes — se distinguem não apenas por constituírem espaços diversos; seus significados particulares são de grande relevância para as relações que neles se estabelecem: ruas, estações de metrô, praças, bares, livrarias, confeitarias, cruzamentos, entre tantos outros. É em um zoológico, por exemplo, que o leitor vai se deparar com os sentimentos de proteção e liberdade, nem sempre uníssonos.
O domador expõe a existência humana e sua admirável impotência, sem abrir mão do requinte da doçura que acalenta a dor.