Todos nós, mais cedo ou mais tarde, recebemos um diagnóstico. Um dia chega um especialista e com uma palavra nos conta algo que muda o curso da vida. Momento-chave na relação médico-paciente, o diagnóstico não é apenas um processo de conhecimento realizado por aquele que tem a obrigação de formulá-lo, mas é também um momento decisivo para o conhecimento de si. E é sempre um encontro: com o nosso corpo, com a química dos fármacos, a ciência médica, a (des)confiança na medicina, o cuidado de si, o passado da anamnese, o futuro do prognóstico, a nossa personalidade, a nossa defesa.
Sobre doenças e estar doente já se escreveu muito. Bem menos se escreveu sobre diagnósticos e sobre ser diagnosticado. Menos ainda sobre o autodiagnosticar-se, sobre cybercondríacos exploradores do corpo e de seus sintomas. Os diagnósticos não são sentenças e as doenças não têm um “sentido”, não são metáforas ou culpas. Podem, no entanto, habitar as nossas vidas como narrativas pessoais e mitologias.
«Da Escarlatina ao Alzheimer, todos receberemos um diagnóstico, mais cedo ou mais tarde. É possível que diga respeito à saúde física ou mental, ou mesmo à personalidade, que pode ser diagnosticada como obsessiva, borderline, narcisista, e assim por diante. Em suma, um dia chegará alguém — médico, psiquiatra, psicólogo — e nos dará um diagnóstico. Pronunciará uma palavra que vai acompanhar e modificar o rumo de nossas vidas. Por um período ou para sempre».