«… o coração de uma mulher não é um amontoado de farinha e manteiga que pode ser sovado pelo ego de um cara até ficar comestível.»
Sentada em uma rodoviária e prestes a deixar para trás toda a vida que conhece até então, Pérola, uma advogada bem-sucedida, nos convida, por meio de seu fluxo de consciência, a questionar toda a construção de quem ela era antes de chegar ali. Consumida pelos próprios pensamentos depois de ganhar um livro erótico como presente inesperado, a personagem passa a contestar a autenticidade de seu noivado, da instituição do casamento, dos próprios desejos, de sua libido e de sua sexualidade. As reflexões da personagem sobre o trabalho, as relações familiares, a vida e tudo o que gira ao redor dela nos arrebatam porque podem, facilmente, ser um espelho da nossa realidade. Afinal, o quanto o desejo de uma mulher é verdadeiramente dela e o quanto é resquício de um roteiro pré-escrito pela sociedade?