“Dias de Fome e Desamparo”, de Neel Doff, além de ser uma das obras que inauguram o romance proletário, é um retrato pungente, cru e sensível desta classe suburbana, no final do Século XIX.
Em seu relato, que é autobiográfico, Doff remonta seus anos de miséria na Holanda, primeiro, e na Bélgica, na sequência, em que, terceira de nove filhos, é forçada a ir às ruas, muito cedo, em busca de sustento.
Não por acaso, o relato se desenrola, inicialmente, na década de 1870, à sombra da Comuna de Paris (1871) e das incessantes lutas proletárias da segunda metade do Século XIX.
O romance de Doff é considerado um dos primeiros romances proletários, especialmente femininos, algo que fez toda diferença na vida da autora. Por ser mulher, e estrangeira escrevendo em francês, foi-lhe negada a premiação no Goncourt, maior prêmio literário da França.
Cornelia Hubertina “Neel” Doff, nasceu em Buggenum, Holanda, em 1858, e morreu em Bruxelas, em 1942. Quando criança, emigrou para Amsterdã e, de lá, para Antuérpia e Bruxelas, onde viveu o resto de sua vida. Trabalhou como modelo para renomados pintores de sua época, como James Ensor e Félicien Rops e foi amiga e debatedora de inúmeros escritores socialistas e anarquistas, como Laurent Tailhade, André Baillon e Octave Mirbeau.
“Dias de Fome e Desamparo” é o primeiro livro da “Trilogia da Fome”, escrita por Neel Doff, que a sobinfluencia buscará traduzir por inteira.