«A carta de Caminha é algo inteiramente novo e, repita‑se, um documento único na história da humanidade. Estou consciente de que me restrinjo à «humanidade europeia» (e especificamente ocidental), mas na minha vasta ignorância não tenho notícia de nada que se lhe assemelhe. Nem Marco Polo revela tal candura perante o inesperado, o maravilhoso descoberto, mesmo se planeado (e a isso já iremos mais adiante).
A narrativa de Pêro Vaz de Caminha − confesso que prefiro não entrar em pormenores sobre ela para que o leitor a descubra virgem, e a aprecie por si próprio, pois ela dispensa glosas − basta lê-la atentamente para nos darmos conta da abertura de horizontes dos recém-chegados a um universo novo, inteiramente inesperado. Vemo-los fascinados perante a natureza e a beleza de um povo que os deslumbra.
Tudo surge descrito numa linguagem gostosa, ditada por um olhar eivado de quase ingénua inocência.»
Onésimo Teotónio Almeida