Considerado um dos documentos fundadores do feminismo, o livro denuncia a exclusão das mulheres do acesso a direitos básicos no século XVIII, especialmente o acesso à educação formal. Escrito em um período histórico marcado pelas transformações que o capitalismo industrial traria para o mundo, o texto discute a condição da mulher na sociedade inglesa de então, respondendo a filósofos como John Gregory, James Fordyce e Jean-Jacques Rousseau.
Libertária, Mary Wollstonecraft fez de sua própria vida uma defesa da emancipação feminina: envolveu-se na Revolução Francesa e foi uma precursora do amor livre. Tendo falecido logo após o parto de sua segunda filha, não pôde vê-la tornar-se, também, uma famosa escritora: Mary Shelley, a autora de Frankenstein. Extremamente revolucionário para a época, Reivindicação dos direitos da mulher foi traduzido para vários idiomas, se tornou uma referencia teórica para as precursoras do feminismo contemporâneo, como Simone de Beauvoir, e uma leitura essencial para as discussões de gênero.
«Reivindicação dos direitos da mulher resulta tanto de uma trajetória de lutas militantes de Mary como de seus enfrentamentos contra a moral sexista e conservadora da época», diz Maria Lygia Quartim de Moraes, que assina o prefácio. Citando a feminista britânica Sheila Rowbotham, ela argumenta que Mary, «como mulher de razão e mulher de natureza», personifica a tensão e as fissuras do Iluminismo, e que a leitura deste livro — escrito em linguagem direta e marcante — «desperta um sentimento de admiração por essa jovem mulher, capaz de superar tantos obstáculos, que lutou obstinadamente para ser feliz e foi muito além dos limites que seu tempo permitia».
A edição também traz texto de orelha de Diana Assunção, historiadora e militante dos direitos das mulheres (ISKRA); uma cronologia da vida e obra de Mary Wollstonecraft e uma página sobre trajetória da escritora em quadrinhos, de Fred Van Lente (adaptação) e Ryan Dunlavey (arte).