O impacto da tradução de As mil e uma noites para o francês no início do século XVIII foi tal que desencadeou uma onda de histórias de inspiração oriental, das quais fazem parte Zadig ou o destino. Ambientada na paisagem árida e bela do deserto, passando pelo reino da Babilônia, pelos confins do Egito e da Síria, a jornada do filósofo Zadig — palavra de origem semítica que significa “justo”, «verídico” — cativa desde o início pelo estilo da narração tal qual Sherazade: de coração sincero e nobre, Zadig está para se casar com Semira, o melhor partido da Babilônia, mas uma tragédia chega para acabar com seus planos. A partir desse ponto, em cada novo capítulo o desafortunado homem tenta ir contra seu destino, buscando, por meios tortuosos, alcançar a felicidade.
Publicado pela primeira vez em 1747 sob o título de Memnon e somente um ano depois com o título mais conhecido, Zadig é uma grande crítica aos costumes e às crenças da época de Luís XV e um exemplo da espirituosidade de Voltaire ao retratar um homem que é refém da própria sorte.