A estória de Antônio é multitemporal envolvendo três gerações (Candangos — os construtores — e as duas primeiras gerações de Brasilienses). É, portanto, uma homenagem e um manifesto de carinho a muitos personagens da vida real que fizeram parte da experiência de vida do autor. Um mineiro — amigo, irmão por afinidade — que, como os candangos de outrora, adotou Brasília como seu lar. Estória que remeterá o leitor a conhecer um pouco mais da Brasília real, construída de concreto armado e por histórias de vida que invariavelmente remetem ao amor, à paixão, à traição, aos jogos de poder, à corrupção e ao trabalho policial. Para além disso, o autor consegue induzir-nos à reflexão no presente — marcado pela velocidade das informações e a incerteza sobre verdade e mentira — além de olhar para o passado do retirante e o futuro de novas gerações de brasileiros. Não deixa de registrar o preconceito quanto ao autismo. Os cenários são plenamente factíveis, por isso, sabedor de que “nada acontece por acaso” indaguei ao autor se de fato o labirinto existe debaixo da Esplanada dos Ministérios. A saga de vida do personagem, em cada capítulo, reaviva e resgata valores morais e éticos da família, do policial federal, do arquiteto, mestre e doutor, pela UnB. Tudo isso dá à narrativa autoridade técnica que nos deixa reflexivos sobre até onde a estória é fato ou ficção. Certamente, o leitor se deleitará, como eu, enxergando-se personagem vivo em algum momento dessa estória diacrônica, instigante, dinâmica, cujo final é surpreendente! Obrigado Flávio Ferraz você é um EMA (É Meu Amigo), boa e prazerosa leitura!
Pehkx Jones Gomes da Silveira