Este trabalho é resultado de pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Doutorado em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) — Campus de Marília, sob a supervisão do Prof. Dr. Tullo Vigevani, e complementada por estudos realizados no âmbito do Departamento de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) — Campus de Osasco.
Seu objetivo central foi o de analisar a trajetória política, acadêmica e intelectual de Josué de Castro, no período compreendido entre 1930 e 1973. Tal proposta se justifica porquanto, embora conhecido e respeitado internacionalmente, Josué de Castro permanece um tanto esquecido no Brasil.
Este trabalho está dividido em seis capítulos, elaborados de acordo com critérios cronológicos e temáticos. O primeiro deles trata do início da trajetória acadêmica e intelectual de Josué de Castro, motivo pelo qual decidimos iniciá-lo na década de 1930, quando o autor efetivamente começou sua vida profissional, estendendo-se até 1945, época em que o País viveu a redemocratização e ocorreu a retomada da política econômica liberal, que havia sido suprimida pelo primeiro governo de Getúlio Vargas. O segundo aborda as contradições que levaram à queda do Estado Novo, em 1945, as circunstâncias de publicação de Geografia da Fome, obra que tornaria seu autor conhecido nacionalmente, bem como as principais ideias ali desenvolvidas. No terceiro capítulo, analisamos o livro Geopolítica da Fome, que o transformou numa personalidade de prestígio internacional, procurando dar ênfase aos principais temas tratados na obra, tais como as questões relativas ao tabu da fome, as críticas ao colonialismo e ao imperialismo, a abordagem dos processos revolucionários em curso na época, o combate à hiperespecialização do conhecimento, os ataques ao neomalthusianismo, e as propostas para a superação do subdesenvolvimento.
O quarto capítulo trata da conjuntura que levou à eleição de Getúlio Vargas, em 1950, e da crise político-econômica que marcou seu mandato, culminando no suicídio do Presidente. A atividade de Josué de Castro, nesse período, foi marcante, com importante participação no governo. Com sua eleição para o cargo de deputado federal, em 1954, ele passaria a ter também forte atuação no Parlamento, utilizando a tribuna da Câmara para fazer críticas contundentes ao governo de Café Filho (1954–1956) e à gestão da política econômica. O quinto capítulo aborda a atividade parlamentar de Josué de Castro a partir de 1956, suas posições em relação ao projeto de desenvolvimento acelerado levado a cabo durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961), bem como sua atuação em vários organismos internacionais.
Finalmente, no sexto e último capítulo, procuramos mostrar como a crise do início da década de 1960 e a reação dos setores mais conservadores da sociedade brasileira ao projeto de reformas do governo de João Goulart conduziram ao golpe de 1964, cujas principais consequências, para Josué de Castro, foram a cassação de seus direitos políticos e o exílio. O capítulo trata, assim, de sua vida e de sua obra nos últimos anos, passados longe da terra natal.