A questão central que parece se destacar em toda a apologia é a pergunta acerca de quem tem o direito de ensinar e educar. Quem tem o direito e dever de governar?
O filósofo Sócrates opondo a liberdade de pensamento às crenças politicamente estabelecidas em uma das maiores democracias que a humanidade já conheceu, opondo sua razão à poesia, definitivamente não se dedicou somente a rebater as acusações; ao se situar no seu discurso colocou-se mentalmente noutro patamar, em outro lugar moral: não o de julgado, mas julgador. Ao invés de alocar seus argumentos no restrito campo das mesquinhas acusações, fez a defesa da filosofia, do cidadão socrático, e transmutou o seu julgamento no julgamento da democracia de Atenas, pelo tribunal do tempo.
XXX Sobre a tradução. XXX O texto original, de cerca de 399 a.C., recebeu diversas traduções. Trabalhamos sobre a realizada por Benjamin Jowett (1817–1893). Adaptamos na presente obra o texto para a Língua Portuguesa em conformidade com a nova ortografia. Adotamos a inclusão de alguns termos do jargão jurídico nessa tradução.
Além disso, diante da realidade atual do século XXI, é fato que ambos os pronomes, “tu” e «vós”, encontram-se cada vez mais raros na linguagem dos brasileiros. O “tu” é raro e o «vós”, quase inexistente. Assim, optamos por suprimir o pronome ou substituir o «vós” por «você" (com origem etimológica na expressão vossa mercê), substituindo a segunda pessoa do plural pela terceira, conferindo ao texto uma compreensão mais atual e, esperamos, propiciando uma leitura mais aprazível.