Este livro é uma bela introdução à obra e à trajetória intelectual de Michael Löwy, brasileiro de origem judaica, radicado em Paris há muitos anos. Caracterizado por um marxismo heterodoxo e não dogmático, seu pensamento ajuda a desvendar as contradições da modernidade, e suas pesquisas mais recentes, em especial, apontam a necessidade de renovar e atualizar o marxismo, como bem demonstra a análise de Fabio Mascaro Querido.
Escrito com clareza e num tom que favorece a leitura, sem abrir mão do rigor acadêmico, o livro contribui também para pensar os dilemas e os desafios impostos ao pensamento social crítico contemporâneo, particularmente ao marxista. O autor mostra como Löwy — continuando a tradição aberta por Rosa Luxemburgo, Lukács e sobretudo Walter Benjamin — tem sabido incorporar criticamente outras perspectivas teóricas e políticas num sentido anticapitalista, a exemplo de sua leitura de Max Weber e da aposta no ecossocialismo, rompendo com a crença no progresso e valorizando certo “marxismo weberiano” e a retomada marxista do anticapitalismo romântico.
Analisando com maestria o desenvolvimento interno da obra de Löwy desde os anos 1960, indissociável do cenário histórico em que se insere, Fabio Querido fala também de nossa época, em que os críticos da ordem capitalista encontram dificuldade para articular a resistência negativa a ela e a projeção de um outro mundo possível. (Auto)crítica anticapitalista da modernidade, resistência e revolução, questionamento das ilusões no progresso: o «marxismo libertário» de Michael Löwy, em seus alcances e limites, tem muito a nos dizer num contexto de adversidade para as propostas socialistas, como propõe este livro instigante.
[Texto de orelha assinado por Marcelo Ridenti]