Então veio a emergência de nos afastarmos, de nos trancafiarmos, de evitarmos aglomerações. Os abraços foram proibidos, os apertos de mão se tornaram perigosos, talvez um aceno fosse aceito, mas, por gentileza, permaneçam lá do outro lado do portão que olho no olho também não pode. Vimos o mundo, antes gigante, ser fechado, confinado, reduzido ao espaço das nossas casas. São tempos difíceis, sem toque, apenas o touch é seguro, a aproximação permitida somente pelas telas dos celulares, as velas dos bolos de aniversário sopradas por câmeras de computadores. Quem diria? Atropelos de informações, lavem as mãos, passem álcool em gel, usem máscaras, o vírus invisível avança, as emoções fervilham, saltam à flor das peles.Neste cenário de incertezas e esperanças coabitando os recintos, convidamos autoras e autores de diferentes estilos literários a escreverem, se expressarem, colocarem no papel as observações sobre os novos mundos — o lá de fora e o outro, tão íntimo, levado dentro do peito –, sejam dores ou angústias, alívios ou alegrias, as mais variadas descobertas.