Este Teatro Antológico — Volume 2, de Artur Azevedo, reúne cinco peças suas que encantaram plateias em sua época, e que continuam sendo encenadas nos dias de hoje e adaptadas para o audiovisual: A pele do lobo, À porta da botica, A princesa dos cajueiros, Abel e Helena e Amor por anexins.
A graça talvez seja o tema principal em todas elas, sendo as personagens e suas peripécias pretextos para arrancar o riso do expectador — no caso do espetáculo —, e do leitor — no caso do texto teatral.
Os historiadores do teatro e da literatura apontam a obra de Artur Azevedo como seguidora natural de Martins Pena, que, incorporando a farsa de gosto francês, alcançou com sucesso o público médio da época.
Envolvido com o teatro desde a adolescência, as comédias de Artur Azevedo lograram sucesso imediato, a exemplo de Amor por Anexins, presente neste volume.
Nas cinco peças aqui oferecidas ao leitor, a crítica dos costumes comparece cristalina nos diálogos, em que nem mesmo o amor escapa ao jogo dos interesses. Por sob as palavras das personagens há sempre conflitos latentes, que se insinuam maldisfarçados em meio a trocadilhos hilários, ou que surgem explicitamente em uma tirada de humor explícito.
Alguns autores reservam a melhor parte de seus textos para o final, porém aqui não é o caso. Seja nos diálogos deliciosos, seja nos versos que importam para o texto teatral a agilidade do ritmo da opereta, o leitor encontra amplos motivos para se divertir linha a linha, cena a cena, página a página, do início ao fim — mesmo sem saber ao certo onde é que os embustes em que as personagens se envolvem vão dar.
Porém, de uma coisa fique certo o leitor: uma vez iniciada a leitura, será sugado para o interior da narrativa como se tivesse o palco diante de si.