Neste trabalho original e ousado, o geógrafo britânico David Harvey assume o desafio de refletir sobre a cidade mais estudada, comentada, cantada e amada em toda a história. E emerge desse mergulho, delimitado entre 1848 e 1871, com uma análise avessa ao lugar-comum. Harvey não cria a “sua” Paris. Antes, une pontos já bastante conhecidos de maneira inventiva e traça uma arquitetura totalizante que busca — com êxito — explicar por que Paris não precisa de adjetivos.
Palco de três revoluções, polo irradiador de transformações quase ilimitadas, Paris embute em si um projeto de vida que se tornou planetário. Berço do romance como epopeia dos novos tempos, da imprensa como força ideológica inevitável, do realismo e do impressionismo nas artes visuais e de cânones de comportamento da vida pública e privada, a capital francesa também gerou um modelo de urbanismo absorvido e copiado em toda parte.