«A esquisse do Bosch é falsa, a verdadeira nunca saiu de Veneza. Tio Domênico foi encontrado morto em um hotel de São Paulo, amarrado a uma cadeira, nu, com uma peruca loira comprida(…) Mas quem o amarrou e por quê?» O romance se passa nos dias atuais em N. York, Veneza e Florianópolis. Luigi vai a N. York em busca de um esboço de autoria do pintor Bosch, guardado no cofre de um banco americano. Esse esboço do século XVI está com a sua família desde o início do século XX. Lá chegando, descobre que o quadro está em Veneza com um membro distante da família. Após encontros malogrados e estranhos, com a realidade se fundindo a cenas imaginárias e alucinantes, resta a Luigi o conforto afetivo de Florianópolis que, no entanto, lhe é sinônimo de ciúmes opressivos. Ana Julia parece lhe escapar. Ele foi manipulado pela família? Pelo tio mafioso ou pelo primo sem escrúpulos? O vírus respiratório que assola o mundo potencializa o seu estado melancólico? Publicado em outros países com o título de Esquisse, palavra francesa radicada remotamente no italiano schizzo, de provável origem onomatopaica, a ideia geral deste romance é que a obra literária desenvolve-se a partir de um esboço e pode render mais, como, aliás, o autor demonstra sobejamente na habilidade com que tece as tramas e conduz os personagens. Ousado e demolidor, O desenho extraviado de Hieronymus Bosch alinha-se às pequenas grandes obras desses tempos tão velozes.