Ao utilizar a internet, a arte evidentemente expande e renova o próprio campo, uma vez que extrapola limites geográficos e institucionais. Entretanto, como ferramenta, ela não define o caminho das mudanças: estas dependem das ações dos que a utilizam. Como afirma Luciano Floridi, ainda que a infosfera esteja transformando o mundo, os algoritmos não se escrevem sozinhos, eles representam escolhas da sociedade. Assim, ao me voltar para a presença da internet no sistema da arte, procuro identificar a ação dos seus diferentes atores e instituições e seus compromissos. O meio on-line abre muitas possibilidades tanto em termos de novos alcances, questionamentos como de deslumbramentos, controles e manipulações. Vejo este livro, também, como um alerta em relação à necessidade de assumir os desafios do contexto digital que nos envolve, com projetos decoloniais, pluralistas e inclusivos.
Este livro é resultado de um projeto de pesquisa sobre arte e internet no Brasil, iniciado em 2015, a ele estão conectados sites e blogs que também integram e difundem os processos de trabalho e os resultados obtidos em meus estudos sobre o tema. Não acredito que a pesquisa seja neutra nem desinteressada; pelo contrário, ela está sempre comprometida com as escolhas do pesquisador e com seu lugar de observação e de fala. Assumo que meu lugar é a crítica do sistema da arte no panorama da cultura contemporânea, feita de dentro dele e a favor da reflexão crítica, do engajamento social, da participação coletiva, da formação de comunidades e dos processos democráticos de mudanças.