Depois de Siderar, considerar: migrantes formas de vida, de 2017 (publicado no Brasil em 2018), em que reivindicava uma atenção e um cuidado vigilantes em relação à imensa precariedade que ronda especialmente a vida dos migrantes e refugiados na França, sempre de algum modo desconsiderados na construção de qualquer projeto de uma vida comum, Marielle Macé retomou numa perspectiva mais ampla, em 2019, o esforço de referir e reverberar ideias e estratégias para enfrentar nosso “mundo degradado” e imaginar novas maneiras de vivermos nele, novas possibilidades de constituirmos laços, ou «nós”, mais ou menos estreitos, com os demais viventes. Nós: a palavra, fundamental para a autora, aparecerá diversas vezes ao longo da tradução para o português, ora como substantivo (traduzindo “noeuds”), ora como pronome pessoal (traduzindo “nous”), numa homofonia de nossa língua que, verá o/a leitor/a, favorece de maneira interessante certos entrelaçamentos de sentidos propostos pelo original.