20 Relatos Insólitos de Porto Alegre (Libretos Editora), novo livro do jornalista e escritor Rafael Guimaraens, é resultado de uma pesquisa histórica de mais de uma década. O autor, que possui uma extensa obra dedicada à memória da cidade, selecionou vinte histórias que ocorreram na capital gaúcha entre o final do século 19 e início do 20.
Rafael comenta que foi motivado pela possibilidade de exercitar uma narrativa mais curta, que fosse ágil, mas, ao mesmo tempo, que apresentasse os elementos da trama e os personagens de forma consistente para envolver o leitor e torná-lo cúmplice do que está sendo mostrado. «O que une estas histórias tão diferentes entre si é a estranheza que provocam. Também tive o cuidado de não estabelecer juízos morais sobre os comportamentos dos vários personagens, mesmo que ajam muitas vezes nas fronteiras da ética», observa.
As narrativas misturam drama, romance, tragédia, memória, jornalismo e teatro, envolvendo personagens reais e cenários, incluindo locais que hoje não existem mais. Um dos episódios narra a dor inapelável da viúva de Júlio de Castilhos. Honorina, apaixonada pelo marido, não suportando sua ausência depois de 20 anos de vida em comum, acaba por suicidar-se, com um fogareiro, na antiga residência da família, onde hoje funciona o Museu Júlio de Castilhos.
O livro aborda também outras histórias, como o dramático caso de amor entre o compositor erudito José de Araújo Vianna e a cantora e pianista Olinta Braga; o surgimento da mística em torno da moça assassinada que virou santa popular (Maria Degolada); a maldição da negra Inácia, que acusada de feitiçaria doméstica acabou assassinada pelos patrões; a espetacular fuga da Ilha do Presídio a bordo de duas panelas e a apresentação da peça Roda Viva, de Chico Buarque, que afrontou o decoro da sociedade porto-alegrense.