O crescente interesse pela questão de como as regiões se desenvolvem tem várias origens no Brasil. Do ponto de vista da opinião pública nacional, o interesse surgiu à medida que os brasileiros começaram a perceber que as condições de vida de cada um dependiam, em grande medida, da região em que cada um nasceu e em que cada um vive. Após a II Grande Guerra, foi se formando uma consciência popular sobre como a questão dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento no Brasil impacta a vida das pessoas.
Os desequilíbrios regionais de desenvolvimento se manifestam quando, no mesmo tempo histórico, há a convergência no país de regiões desenvolvidas, com grande prosperidade econômica e progresso social, lado a lado com áreas economicamente deprimidas com bolsões predominantes de pobreza e de miséria social.
A partir de indicadores socioeconômicos e socioambientais, pode-se dizer que o brasileiro paulista tem a chance de ter um padrão de vida 2,7 vezes melhor do que o brasileiro alagoano ou 3,1 vezes melhor do que o brasileiro maranhense. Essa comparação é realizada em termos médios e, portanto, não considera a questão da distribuição da renda e da riqueza em cada Estado. Assim, é possível que uma família rica em um Estado pobre possa ter um padrão de vida bem superior ao padrão de vida de uma família de classe média em um Estado rico.
Neste Ensaio, o ex-Ministro da Fazenda e do Planejamento, Paulo R. Haddad, narra de maneira didática, as diferentes experiências históricas sobre o desenvolvimento das regiões brasileiras, utilizando modernos métodos de análise, a partir de seus trabalhos de consultoria e de promoção econômica ao longo de quase cinco décadas.