Tudo começa com “e se?”. E se uma prótese peniana cibernética pudesse abrir caminhos para a masculinidade ilimitada que a propaganda promete? No mundo futurista de “Todos Somos Bolhes”, corporações, governos e grupos paraestatais exploram pessoas «fora do padrão”, herdeires da Revolução dos Corpos. Resta àqueles que não se conformam pagar o preço por suas experimentações, fugir ou se organizar. E é nesse contexto que conhecemos a personagem principal, uma pessoa agênere, crítica do sistema que a cerca, em busca de mecanismos e amigues com quem possa compartilhar a construção do próprio corpo. Escrita em linguagem neutra adaptada, a obra de Roberto Muniz Dias mescla estilos — do diário de estrada kerouaquiano à ficção científica com diálogos teatrais –, propondo uma narrativa distópica sobre direitos sexuais e o futuro da luta pela desconstrução do conceito de gênero.