Após dezoito anos vivendo no exílio, Fernando Terry consegue autorização para voltar a Cuba por um mês, atraído pela possibilidade de encontrar a lendária e desaparecida autobiografia de José María Heredia, o poeta romântico a quem dedicou sua tese de doutorado. Aproveitará também para tirar a limpo seu passado e, quem sabe, curar-se do rancor que alimenta há quase duas décadas em razão da expulsão da universidade e o consequente desterro. Heredia, seu objeto de estudo, foi ele próprio um desterrado: laureado precocemente como o maior poeta da ilha de Cuba, conheceu os deleites da glória e da fama, para repentinamente afundar-se num lodo conspiratório. Romântico incurável, o poeta, que morreu na desgraça aos 36 anos e que doou a própria vida na luta pela liberdade de seu povo, seria tardiamente reconhecido como o fundador da literatura cubana e um de seus mais notáveis frutos. Neste envolvente romance histórico, Leonardo Padura mescla não só as narrativas do injustiçado professor Fernando Terry com a inconveniente autobiografia romanceada do poeta mas também com a história de seu filho caçula, o elo que explica o paradeiro final desses desaparecidos papéis. O romance da minha vida revela uma outra história de Cuba, sem heróis nem mártires, mas do poder avassalador e corruptivo do capital.