O governo Jair Bolsonaro mal havia começado quando B. Kucinski publicou, pela Alameda, sua novela distópica A Nova Ordem. Dialogando com uma tradição literária de debate quase que explícito com a realidade, Kucinski expôs um modo de agir que pode ser considerado uma crítica, ao mesmo tempo, ao modo de governar em ascensão por aqui e a um certo zeitgeist que ultrapassa as fronteiras nacionais.
O colapso da Nova Ordem, sequência de A Nova Ordem, chega às livrarias na reta final do governo reacionário que nos aflige. Recuperando a experiência dos últimos anos, inclusive a da gestão da pandemia, Kucinski como que aprofunda e descortina essa espécie de “janela de oportunidade” provocada pela Covid-19 que serviu para amplificar a exploração da pobreza de muitos.
No novo livro, o planejamento destrutivo dos militares no poder mostra-se mais ambicioso e mais cruel. Uma nova peste expande a violência das tramas palacianas. Mecanismos perversos de acumulação de dinheiro e poder se descortinam. A trama distópica ganha clareza e sentido, aprofundando o mecanismo posto em marcha anteriormente.