Fruto das pesquisas, diálogos e vivências dos integrantes da linha de Pesquisa Educação, Filosofia e Formação Humana do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), este livro propõe-se a visitar os vários cenários formativos que fazem parte do cotidiano escolar e acadêmico. Entre processos, lugares e relações, vão-se formando as “turas”: tessituras, rupturas, leituras e estruturas, que indicam caminhos para a aprendizagem, a descoberta e o conhecimento, elementos imprescindíveis no processo formativo. Distribuída em quatro partes, a obra assim se apresenta:
(1) Tessituras: introduzimos este ponto com a reflexão sobre o processo de coisificação dos seres humanos provocado pelo uso excessivo de siglas no cotidiano, feito principalmente por instituições públicas e privadas. Para os autores, esta linguagem pode provocar massificação e fragmentação dos sujeitos, dificultando ao humano se perceber como humano.
Na sequência, temos o relato das experiências simbólicas vivenciadas pelos alunos da pós-graduação em Educação no chamado “dia do cultivo”, prática inspirada a partir do pensamento complexo de Edgar Morin. Os autores descrevem como é possível cultivar uma consciência valorativa, de preservação dos espaços culturais, o fortalecimento dos vínculos afetivos do grupo, que colabora a refletir e entender as ações praticadas no cotidiano, abrindo novos caminhos para a vida.
Por fim, partindo de uma análise criativa sobre a família Silvassauro, da série televisiva estadunidense dos anos 1990, o texto desenvolve uma crítica sobre paradigmas e padrões sociais que atingem, sobretudo, a juventude. Com isso, são tratados diversos temas ligados à Filosofia, como por exemplo: autonomia, escolha, família e amizade.
(2) Rupturas: o texto inicial analisa a implementação das práticas restaurativas para prevenção e combate ao bullying no ambiente escolar. Utilizando-se de um estudo de caso em uma escola da capital paulista, as autoras destacam que o bullying impede o desenvolvimento pleno da criança e do adolescente, sendo uma forma de violência que fere a dignidade humana. Neste cenário, a cultura da paz e as práticas restaurativas são entendidas como propostas para o combate a tal realidade.
Em seguida, temos um estudo sobre o adoecimento dos docentes, que devido a isto acabam faltando ou mesmo se afastando permanentemente do trabalho. As autoras utilizam-se do portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para fazer um levantamento, das pesquisas que abordaram a saúde e o adoecimento dos professores nos últimos 20 anos, ressaltando as principais causas verificadas por meio dessas pesquisas e que contribuições a universidade pode oferecer hoje em dia.
O artigo que finaliza esta parte indica que a noção de morte não é abordada de forma clara na Educação, como se faz na Filosofia, na religião e na Biologia. A partir das ideias da psicóloga Maria Julia Kovács, os autores argumentam sobre a necessidade de uma «educação para a morte» para os profissionais da área de Ciências Humanas.
(3) Estruturas: o estudo introdutório argumenta que as organizações não governamentais (ONGs) destacam-se como sendo lugar de referência para os adolescentes nos mais variados aspectos, para sua formação e desenvolvimento humano. O texto tem como objetivo elucidar a educação que acontece nesses ambientes não escolares, tendo como alicerce uma investigação realizada em três ONGs da capital e Grande São Paulo nos anos de 2018 e 2019, bem como um levantamento de artigos produzidos nos últimos cinco anos, disponíveis no portal de periódicos da Capes.